Paulo Sérgio
de Macedo, mais conhecido como Paulo Sérgio nasceu no dia 10 de março de
1944 na cidade de Alegre – Espirito Santo. Cantor, compositor e ator,
considerado um dos maiores artistas da música romântica do país.
O cantor e compositor capixaba iniciou sua
carreira em 1968, no Rio de Janeiro, lançando um compacto com o sucesso Última
Canção. O disco obteve sucesso imediato e vendeu 60 mil cópias em apenas
três semanas, transformando seu intérprete num fenômeno de vendas.
A despeito da
curta carreira, Paulo Sérgio lançou treze discos e algumas coletâneas, obtendo
uma vendagem superior a 10 milhões de cópias, em apenas 12 anos de carreira.
Paulo Sérgio
foi um cantor que nunca conheceu o fracasso e não teve fase de decadência. Teve
uma morte prematura, aos 36 anos, em decorrência de um derrame cerebral.
Biografia
Primeiro filho do alfaiate Carlos
Beath de Macedo e de Hilda Paula de Macedo, Paulo Sérgio, se não tivesse
manifestado desde cedo o intento de tornar-se músico profissional, talvez teria
se realizado como alfaiate, haja vista que aos dez anos frequentava a
alfaiataria do pai, aprendendo os primeiros segredos da agulha e da tesoura.
Porém, a veia artística já
se desenhava cedo. Aos seis anos de idade, quando em sua cidade natal Alegre - ES,
apareceram as caravanas de artistas de emissoras de rádio do Rio de Janeiro,
Paulo Sérgio participou, ao fim do espetáculo, de um miniconcurso de calouros.
Foi escolhido o melhor
dentre vários concorrentes, passando a ser requisitado como atração especial em
todas as festinhas da pequena Alegre.
Ao chegar no Rio de
Janeiro, para onde a família se mudara em meados dos anos 50, a trajetória do menino
Paulo ganhou uma nova conotação. Estudou no Colégio Pedro II e morava em Brás
de Pina, na zona norte carioca, quando terminou o ginásio.
Aos 15 anos, foi trabalhar
em uma loja no bairro de Bonsucesso. Coincidência ou não, era uma loja de
discos e eletrodomésticos, chamada “Casas Rei da Voz”. Como tocava bem violão,
logo os amigos o incentivaram e Paulo Sérgio começou a mostrar suas
composições.
Os anos 60 sacudiam a
juventude e Paulo Sérgio fez seu batismo no programa Hoje é Dia de Rock,
comandado por Jair de Taumaturgo, o mais badalado entre os jovens do Rio.
Posteriormente, passaria
ainda por muitos outros programas de calouros, como o Clube do Rock,
do compositor Rossini Pinto, onde muitos outros ídolos que iriam formar o
pessoal da Jovem Guarda se apresentaram.
Em 1966, no filme Na
Onda do Iê-iê-iê, Paulo Sérgio aparece como calouro do apresentador
Chacrinha, cantando a canção Sentimental Demais, de Jair Amorim e
Evaldo Gouveia, grande sucesso na voz de Altemar Dutra.
Em 1967, uma nova e grande
oportunidade de Paulo Sérgio surgiu, quando um amigo seu foi convidado para
realizar testes na gravadora Caravelle, do empresário Renato Gaetani. Paulo,
então, prontificou-se a acompanhar o amigo ao violão, que infelizmente não teve
sorte.
Porém, durante o teste, Álvaro
Menezes, integrante do conjunto Os Selvagens e que era responsável por
descobrir novos talentos da Jovem Guarda para a Caravelle, constatou que Paulo
Sérgio também cantava e manifestou interesse em ouvir algumas de suas
composições.
Álvaro assegurou a Renato
Gaetani, seu tio, que Paulo Sérgio seria sucesso absoluto e assim, um contrato
foi prontamente assinado. Mas o sucesso veio mesmo antes de gravar. Álvaro o
levou várias vezes ao programa Haroldo de Andrade na TV Excelsior e o
auditório vinha a baixo ao ouvi-lo cantar "Benzinho" que ainda nem
havia sido gravada.
Paulo Sérgio tornou-se muito amigo de Álvaro a quem pedia conselhos sobre os mais diversos assuntos, até mesmo sobre a compra de seus dois primeiros carrões, um Mustang e um Cadillac presidencial.
Na época, o motorista de
Paulo Sérgio era Tony Damito, o qual tempos depois, também gravou um disco com
a ajuda de Paulo Sérgio e Álvaro.
Após alguns dias, Paulo
Sérgio gravou um compacto simples, que continha as músicas Benzinho e Lagartinha.
Entretanto, a sua afirmação definitiva deu-se com o lançamento, em 1968, do
primeiro disco, denominado Paulo Sérgio - Volume 01, que,
alavancado pelo grande sucesso Última Canção, vendeu mais de 800
000 cópias.
Paralelo ao sucesso
meteórico de Paulo Sérgio, surgiu a acusação de que ele era um imitador do
cantor Roberto Carlos, então ídolo inconteste da juventude, dada a semelhança
do seu timbre vocal.
Já no final da década de
1960, com o fim do movimento Jovem Guarda, foi contratado exclusivo por Silvio
Santos para integrar o elenco fixo de cantores do extinto programa Os
Galãs Cantam e Dançam.
Apesar de nunca ter pisado
no palco do Programa Jovem Guarda, chegou a se apresentar com Roberto
Carlos nos Galãs, pois Roberto, que na época não era contratado por
nenhuma emissora, também era convidado de Silvio Santos.
Do sucesso inicial advieram
propostas para que Paulo Sérgio ingressasse numa grande gravadora. Em 1972,
este assinaria um vultoso contrato com a Copacabana, o qual, em razão das
cifras envolvidas, foi considerado o maior acontecimento artístico daquele ano.
Por conta disso, muda-se
definitivamente para São Paulo, terra que ele adotou como sua. Pelo selo Beverly,
Paulo Sérgio lançaria, ao todo, oito álbuns.
Em 1972, Paulo se casa em
segredo com Raquel Telles Eugênio, filha de ricos fazendeiros da pequena cidade
de Castilho, interior de São Paulo.
Seguiram-se os sucessos no
decorrer dos anos como: Desiludido (Carlos Roberto) , Agora Quem Parte Sou Eu,
composição de Demétrius, Índia (versão de José Fortuna), Máquinas Humanas
(Clayton), Minhas Qualidades Meus Defeitos (Paulo Sérgio e Carlos Roberto),
entre outros.
Em 1974, nasce seu filho
Rodrigo e em 1975 Paulo Sérgio estoura com o sucesso: Quero Ver Você Feliz
(Paulo Sérgio e Carlos Roberto), composta especialmente por conta do nascimento
da criança.
Seguem-se mais sucessos
como Amor Tem Que Ser Amor (Manoel Nenzinho e Cassiano Costa), que rendeu até
uma participação no extinto Programa Globo de Ouro da Rede Globo em 1976.
Em 1977, Paulo estoura com
o LP Volume 11, uma espécie de disco acústico gravado em estúdio e que seria um
dos lps mais vendidos de sua carreira. É também a partir deste ano que a
parceria nas composições entre Paulo Sérgio e Carlos Roberto, aumentam.
Sucessos como: Eu Te Amo Eu
Te Venero, Você Pode Me Perder, Minha Decisão, Como Me Arrependo, todas
compostas por Paulo Sérgio e Carlos Roberto, Bodas De Prata (Roberto Martins e
Mário Rossi), ecoam nas rádios de todo Brasil.
Vale destacar que todas as
12 faixas deste LP, fizeram sucesso. No ano de 1978, após muitas desavenças,
Paulo desquita-se de sua esposa. Compra uma chácara na cidade do interior
paulista de Itapecerica da Serra e decide isolar-se da vida artística.
No início de 1979, Paulo
ainda lança o LP Volume 12 com os sucessos: Pra Ela, Eu Te Amava Eu Te Queria,
O Trapo, Nos Braços Teus, Se O Mundo Acabar, todas compostas pela dupla. Logo
após esse lançamento, permanece quase um ano e meio sem fazer shows, gravar
discos ou qualquer tipo de aparição pública.
Até que em janeiro de 1980,
Paulo Sérgio resolve retomar sua carreira, fazendo uma série de shows Brasil
afora, principalmente pelo Nordeste.
Em maio de 1980, Paulo
grava aquele que seria seu último LP em vida, intitulado Volume 13. Sucessos
começam de imediato a despontar como: O Que Mais Você Quer De Mim (Meirecler e
Manoel Pinto) e Coroação (Dino Rossi).
Morte
No dia 27 de julho de 1980,
Paulo tem uma gravação agendada nos estúdios da TV Bandeirantes em São
Paulo no programa Hora do Bolinha do apresentador Edson Cury. Paulo canta
em playback dois números de seu mais recente disco e se retira do palco timidamente.
Lá fora, na saída do Teatro
Bandeirantes acontece um incidente que fora o pedestal para culminar em
sua morte. Uma mulher se dizendo fã do cantor, começa a xingar Paulo Sérgio e
hostilizá-lo.
Paulo procura ignorar o
fato, afinal ele ainda teria mais duas apresentações em circos diferentes para
fazer. Ao arrancar com o seu Camaro de cor gelo, a mulher ainda disposta a
atormentá-lo joga uma pedra que quebra o para-brisas do seu carro.
Já muito nervoso, Paulo sai
do carro para avaliar o prejuízo, até ser convencido por seus acompanhantes a
esquecer o ocorrido e partir para os shows. É quando Paulo começa a se queixar
de dores de cabeça, mas prefere não ir ao médico.
Pede a seu secretário que
providencie analgésicos, toma dois de uma só vez e parte para a primeira
apresentação que a faz completa. Na segunda apresentação, Paulo ao cantar a
quinta música, pede desculpas ao público, diz estar se sentindo mal, com fortes
dores de cabeça e que por isso irá se retirar do palco, mas que pretende
terminar aquela apresentação numa próxima oportunidade.
Aquela promessa jamais
seria cumprida. No camarim, Sérgio cai desmaiado devido a um derrame cerebral e
é levado às pressas até o já extinto Hospital Piratininga, na Estrada de Itapecerica,
Zona Sul de São Paulo.
Devido às condições do
estabelecimento, Macedo é encaminhado para o Hospital São Paulo, na região do
Ibirapuera. Lá, entra em coma profundo e os médicos dizem que somente um
milagre poderia salvar sua vida.
Na tarde de terça-feira, 29
de julho de 1980, as condições clínicas de Paulo Sérgio se agravam ainda mais e
às 20:30h, os médicos constatam morte cerebral.
Velório
O cantor só tinha 36 anos,
estava no auge do sucesso. Gravou 13 lps e vendeu mais de 10 milhões de discos.
Seu corpo foi levado para o cemitério de Vila Mariana em São Paulo e foi velado
durante a madrugada e manhã de quarta-feira.
No velório em São Paulo,
artistas como Waldirene, Marcos Roberto, Celso Ricardi, Cláudio Fontana, Jerry
Adriani, Benito di Paula e outros e os apresentadores: Edson Bolinha Cury (morto
em 1998) e Carlos Aguiar (morto em 1995), foram se despedir do amigo pela
última vez.
No fim da manhã de
quarta-feira, 30 de julho de 1980, seu corpo foi levado para o cemitério do
Caju no Rio de Janeiro a pedido de seus pais, que residiam naquela cidade
e achavam melhor que Paulo Sérgio fosse ali sepultado.
Às 16:30, foi enterrado ao
som de Última Canção, cantada pelas mais de 150 mil pessoas que acompanharam
emocionadas a cerimônia.
Estiveram presentes em seu
velório no Rio de Janeiro: Agnaldo Timóteo (morto em 2021), Antônio Marcos
(morto em 1992), Zé Rodrix (morto em 2009), José Roberto e Renato Aragão,
este último muito amigo e fã declarado de Paulo Sérgio.
Roberto Carlos não pôde
comparecer, mas enviou uma enorme coroa de flores com os seguintes dizeres:
“Meu coração está em luto pois morreu meu grande ídolo”. No final da década de
80, Paulo Sérgio foi homenageado através do histórico LP: Paulo Sérgio &
Amigos, um lançamento especial da gravadora Copacabana em parceria com o SBT.
No disco póstumo, foram
feitas junções das vozes de Paulo Sérgio com os maiores expoentes da MPB na
época, como: Antônio Marcos, Wanderley Cardoso, Jerry Adriani, Perla,
Chitãozinho & Xororó, Ângelo Máximo, Jair Rodrigues entre outros a
emocionante participação do próprio filho de Paulo Sérgio então com 12 anos,
cantando a música: Quero ver você feliz (Meu filho).
Foram feitas modificações
na letra original pelo compositor Carlos Roberto para que pai e filho pudessem
cantar juntos. O disco foi um projeto audacioso e inédito no mundo inteiro,
vendendo mais de dois milhões de cópias e ganhou vários discos de ouro e de
platina.
Na época, o LP foi feito
exclusivamente para ajudar Rodrigo que passava por problemas financeiros e
todos os artistas participantes cederam seus direitos a criança.
Vale destacar que devido a
problemas de saúde, Rodrigo, que também era mágico profissional, encerrou sua
carreira precocemente e faleceu recentemente com apenas 42 anos, em 2016,
vítima de esclerose múltipla.
Paulo Sérgio foi um
excelente cantor e compositor e muito mais teria a oferecer como artista se não
fosse sua morte prematura. Apesar da efêmera carreira, Paulo Sérgio deixou uma
vasta obra musical e está merece para sempre ser lembrada.
Legado
Seu nome consta no capítulo
inicial e final do livro Eu não sou cachorro não (Ed. Record),
de Paulo César de Araújo (2002), que revive a história da música
"brega" no Brasil e seu significado.
O autor, analisando a
grande quantidade de populares que visitam ou que gostariam de visitar o túmulo
de Paulo Sérgio, afirma que "é possível chegar à conclusão de que estamos
diante de um fenômeno: o fenômeno Paulo Sérgio", concluindo em seguida que
"este fenômeno por si só já revela o fosso que separa a memória de grupos
sociais marginalizados da memória nacional dominante. Revela ainda os limites
do processo de “enquadramento da memória”, referido por Michael Pollak."
No último parágrafo do
livro, observa ainda Araújo (2002, p. 204):
Citação: Por isso mesmo, ao realizar anualmente à
beira do túmulo de Paulo Sérgio uma espécie de ritual em homenagem ao ídolo
falecido em 1980, seus fãs realizam também um ato de resistência. Eles dão
visibilidade a uma memória que se encontra subterrânea, sem canais de expressão
e desprovida de “enquadradores”. Em um esforço contrário ao movimento de
silenciamento e esquecimento empreendido pelas elites culturais do país, os fãs
de Paulo Sérgio formam, assim, uma espécie de memória underground, que segue
viva no cemitério, nos cabarés, nos barracas e nas casas simples com cadeiras
na calçada em subúrbios de todo o Brasil.
Homenagem
É homenageado em diversas
ruas pelo país, dentre elas, a Rua Cantor Paulo Sérgio de Macedo, Bairro
Estrada das Areias, em Indaial – (SC), a Rua Cantor Paulo Sérgio, Bairro
Tupiry, em Praia Grande (SP) a Rua Cantor Paulo Sérgio, Bairro Barro, em
Recife (PE).
Em fevereiro de 2021, foi
homenageado pelo programa da Record A Noite é Nossa,
apresentado por Geraldo Luís, que mostrou duas músicas inéditas do
cantor: A Vida É um Jogo e O Amor Falou Mais Forte.
Ângelo Máximo esteve presente.
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